Por
UM-DO-CHAO.
O apelido.
Apelido
geográfico pois se refere a umha realidade da natureza, como é um certo tipo de
terreno alagado, formando barro, lodo ou lama, o que, por sua volta, deriva em
lameiro, que tamém se asimila a pradeira ou pasteiro, e lamazal/lamazares. De
geográfico ou topográfico passou a ser toponímico, val dizer, originado em nome
de paragens e de núcleos povoados bem concretos. Temos equivalente astur-leonês
em apelidos como Llamas e Llamazaares, o primeiro levando-nos a confundi-lo co
castelhano llamas, lapas de lume ou
fogo. Lamela e Lamelas som outros seus derivados (por diminuçom) tam presentes
na toponímia como na onomástica.
Vemos
que é bem mais numeroso o apelido Lamas do que Lama; e que nom parece existir o
singular de Lamazares… caprichos das línguas, que nom sempre evolúem com fria
lógica… a semelhança do que se passa cos verbos chamados de irregulares…
Etimologicamente
lama/s é de origem confussa, latina em princÍpio, tamém emparentado com limo e
até cos topónimos Lema, Lemos e Limia. Além disto, Lamas evoca-nos os lamas, ou monges tibetanos; do mesmo jeito que Lima do Peru, nada tem
a ver co rio que os portugueses chamam Lima e nós Limia. Dous mais dos
numerosos casos de homonímia entre línguas que nom tenhem parentesco ningum.
As personagens.
Valentín Lamas Carvajal |
Empezando
por casa, aí temos como exemplo sobranceiro a:
1
Valentín LAMAS Carvajal (com esse seu apelido materno castelhano) (1849-1906),
o inventor do famoso seu heterónimo Frei Marcos da Portela, cujo fruito mais
popular foi o Catecismo do Labrego,
sem esquecermos a sua poesía: “Fálame nesa fala melosiña…”
Para
falarmos dos Lamas no mundo, nom temos mais remédio que nos mergulhar numha
família que florescéu nos dous países do Prata: Uruguai e Argentina. Assi:
2
Andrés LAMAS Alfonsín (uruguaiano, 1817-1891), controvertida personagem tam
decimonónica como o nosso Valentín, que foi político, diplomata e escritor e
jornalista, com cultura nada comum. El era neto paterno de Domingo Lamas, de
Redondela, e de Francisca Regueira, de Ferrol, casados em Montevidéu, e neto
materno doutro galego, este de Caldas de Reis: Melchor Alfonsín (seguramente
relacionado co que fora presidente argentino do XX, Raúl Alfonsín).
Carlos Saavedra Lamas |
3
Carlos Saavedra LAMAS (argentino, 1878-1959), pertencente à mesma família, quem
foi tamém político e diplomata, participando em foros internacionais ao maior
nível, a prol da paz e dos direitos dos trabalhadores, conseguindo (1936) que
se assinasse a paz entre Bolívia e Paraguai, fito que marcou a fim da sangrenta
Guerra del Chaco, o que lhe valéu a
concessom, dito ano, do Prémio Nobel da Paz.
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